Aristóteles e a escravidão
As diferenças sociais eram vistas como naturais pelos gregos antigos. Se nos atentarmos para Platão, veremos como ele deixa claro que cada pessoa tem uma aptidão e é de acordo com ela que essa mesma pessoa deve se encaixar no convívio social. É como se afirmássemos: uns “nascem” para realizar tais tarefas, enquanto outros “nascem” para outras tarefas.
As diferenças sociais eram vistas como naturais pelos gregos antigos. Se nos atentarmos para Platão, veremos como ele deixa claro que cada pessoa tem uma aptidão e é de acordo com ela que essa mesma pessoa deve se encaixar no convívio social. É como se afirmássemos: uns “nascem” para realizar tais tarefas, enquanto outros “nascem” para outras tarefas.
Essa questão fica bastante clara em Aristóteles, especialmente em relação à escravidão. Aristóteles é um defensor da propriedade privada como fonte de produção econômica.No entanto, para que a propriedade seja produtora, são necessários instrumentos inanimados, como ferramentas, e animados, como os escravos. Ao atrelar a condição de escravidão de alguns a questões econômicas, Aristóteles não nega a natureza humana do escravo. Trata-se de uma constatação natural de que o trabalho braçal é necessário na sociedade, e isso exige determinados indivíduos que, pelo fato de estarem ligados à produção material, estão impossibilitados de desenvolver plenamente o trabalho intelectual, já que isso pressupõe tempo e liberdade. Dessa forma, Aristóteles justifica a escravidão que era corrente na Grécia Antiga.
Na verdade, o pensamento aristotélico reflete a realidade social da Grécia Antiga, especialmente a de Atenas, cidade-Estado onde viveu esse filósofo natural de Estagira, na Macedônia. Ainda que, na época de Aristóteles, a Grécia estivesse entrando em um processo de decadência decorrente da Guerra do Peloponeso, o modelo de democracia ateniense – também em decadência – era visto por ele como uma forma de governo bastante positiva. E, nesse sistema, a sociedade era dividida em cidadãos (homens atenienses maiores de 21 anos – com direitos políticos), metecos (estrangeiros – sem direitos políticos –, a exemplo do próprio Aristóteles) e escravos (maioria da população, responsáveis pela produção material e considerados como propriedade de seus senhores). As mulheres, independentemente de serem atenienses ou não, não tinham direito à participação política.
A filosofia política de Aristóteles e Platão permaneceu no tempo e influenciou muitos outros povos. Conforme já estudamos em História, os romanos antigos fascinaram-se com a cultura grega. E não foi diferente com a política. O pensamento de Platão e Aristóteles acabou por influenciar a filosofia política romana de Cícero (106-43 a.C.), Tito Lívio (59 a.C.-17 d.C.), Tácito (55-120), entre outros. Os pensadores romanos produziram o ideal do “príncipe perfeito” ou do “bom governo”. A idéia central era a de que o príncipe deveria ter qualidades morais, pois essas qualidades serviriam de exemplo para a população, que as imitaria. Dessa forma, seria realizada a vida boa – tão defendida por Platão e Aristóteles –, marcada pela justiça, pela ordem e pela harmonia no interior da cidade.
Na Idade Média, a filosofia cristã de Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino também foi fortemente influenciada pelo pensamento político grego, apesar de sua preocupação central girar em torno da supremacia da fé sobre a razão, além do fato de que predominava o teocentrismo nesse tipo de filosofia.
A influência aristotélica aparece em Santo Tomás de Aquino. (...) Como Aristóteles, Santo Tomás considera que o homem só encontra sua realização na cidade. Mas o poder político, por ser uma instituição divina, além dos fins temporais que justificam a ação política, visa a outros fins superiores, de natureza espiritual. O Estado deve dar condições para a realização eterna e sobrenatural do homem. (...)
ARANHA, M.L.A e MARTINS, M.H.P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993. pp. 231-232.
Na Idade Moderna, porém, a visão sobre política ganhou novos contornos, procurando abandonar o teocentrismo e primando pela racionalidade, como veremos a seguir.
Na verdade, o pensamento aristotélico reflete a realidade social da Grécia Antiga, especialmente a de Atenas, cidade-Estado onde viveu esse filósofo natural de Estagira, na Macedônia. Ainda que, na época de Aristóteles, a Grécia estivesse entrando em um processo de decadência decorrente da Guerra do Peloponeso, o modelo de democracia ateniense – também em decadência – era visto por ele como uma forma de governo bastante positiva. E, nesse sistema, a sociedade era dividida em cidadãos (homens atenienses maiores de 21 anos – com direitos políticos), metecos (estrangeiros – sem direitos políticos –, a exemplo do próprio Aristóteles) e escravos (maioria da população, responsáveis pela produção material e considerados como propriedade de seus senhores). As mulheres, independentemente de serem atenienses ou não, não tinham direito à participação política.
A filosofia política de Aristóteles e Platão permaneceu no tempo e influenciou muitos outros povos. Conforme já estudamos em História, os romanos antigos fascinaram-se com a cultura grega. E não foi diferente com a política. O pensamento de Platão e Aristóteles acabou por influenciar a filosofia política romana de Cícero (106-43 a.C.), Tito Lívio (59 a.C.-17 d.C.), Tácito (55-120), entre outros. Os pensadores romanos produziram o ideal do “príncipe perfeito” ou do “bom governo”. A idéia central era a de que o príncipe deveria ter qualidades morais, pois essas qualidades serviriam de exemplo para a população, que as imitaria. Dessa forma, seria realizada a vida boa – tão defendida por Platão e Aristóteles –, marcada pela justiça, pela ordem e pela harmonia no interior da cidade.
Na Idade Média, a filosofia cristã de Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino também foi fortemente influenciada pelo pensamento político grego, apesar de sua preocupação central girar em torno da supremacia da fé sobre a razão, além do fato de que predominava o teocentrismo nesse tipo de filosofia.
A influência aristotélica aparece em Santo Tomás de Aquino. (...) Como Aristóteles, Santo Tomás considera que o homem só encontra sua realização na cidade. Mas o poder político, por ser uma instituição divina, além dos fins temporais que justificam a ação política, visa a outros fins superiores, de natureza espiritual. O Estado deve dar condições para a realização eterna e sobrenatural do homem. (...)
ARANHA, M.L.A e MARTINS, M.H.P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993. pp. 231-232.
Na Idade Moderna, porém, a visão sobre política ganhou novos contornos, procurando abandonar o teocentrismo e primando pela racionalidade, como veremos a seguir.
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